OBRAS FINALISTAS DO PRÉMIO INTERNACIONAL DE COMPOSIÇÃO DARCOS 2024 (2ª EDIÇÃO)

Foram selecionadas para a fase final da segunda edição do Prémio Internacional de Composição Darcos, as seguintes obras:

•⁠ ⁠”PIANO QUARTET Nº1 – O desespero”, do compositor inglês Thomas Hooper

•⁠ ⁠”VENILIORNIS – Ordens de voar”, do compositor português Nuno Miguel de Peixoto Pinho

As obras serão interpretadas pelo Ensemble Darcos no concerto “Prémio Internacional de Composição Darcos”, no dia 24 de Maio, às 21h30, no Átrio da Câmara Municipal de Torres Vedras.

Entrada Livre.

A segunda edição do Prémio Internacional de Composição Darcos é um convite transversal à comunidade. No caminho das encomendas a uma grande diversidade de compositores, timbre fundador da Temporada Darcos, o desafio é agora lançado a todos os que fazem da composição a sua paixão de vida!

Todas as obras a concurso tiveram como ponto de partida a mesma instrumentação da obra “O espelho da alma”, de Eurico Carrapatoso.

Parabéns aos selecionados!

PRÉMIO INTERNACIONAL DE COMPOSIÇÃO DARCOS 2024 > 24 MAIO

24 maio / sexta-feira / 21h30

ÁTRIO DA CÂMARA MUNICIPAL DE TORRES VEDRAS
entrada gratuita

O. Messiaen (1908 – 1992)

Dois andamentos da obra “Quarteto para o fim dos tempos”
I. Louange à l’Éternité de Jésus
II. Louange à l’Immortalité de Jésus

2 Obras finalistas a concurso

E. Carrapatoso (n.1962)

Espelho da Alma (subsídios para o estudo de uma orografia musical portuguesa)

I. Eterno
II. Pírrico
III. Sedoso IV. Careto V. Saudoso VI. Pícaro VII. Materno

ENSEMBLE DARCOS

O concerto da 2a edição do Prémio Internacional de Composição Darcos convoca dois compositores díspares na forma e conteúdo, mas em que a erudição, a Fé, e o panejamento onírico são pilares da sua discursividade musical.

Considerado um dos compositores mais fascinantes do século XX, Olivier Messiaen (1908-1992) estava estacionado na base militar de Verdun quando, em meados de Junho de 1940, em plena invasão de França pelas tropas nazis, foi capturado e enviado para um campo de concentração de prisioneiros de guerra, o Stalag VIII-A, em Görlitz, Alemanha. Com ele seguiram Etienne Pasquier (violoncelista) e Henri Akoka (clarinetista), ao que se veio juntar o ator e violinista amador Jean Le Btoulaire.
A 15 de Janeiro de 1941, no Barracão 27 de Stalag VIII-A, estreava um quarteto para violino, violoncelo, clarinete e piano.

Nas palavras de Messiaen, “para o fim dos tempos”, um ato de fé, evocativo do fim dos conceitos de Passado e Futuro, o “início da eternidade”, o quarteto está divido em oito partes, as primeiras sete correspondem aos sete dias da criação e o último à “luz indefectível, da inalterável paz”. Em concerto, ouviremos apenas as partes V e VIII.

Figura incontornável das últimas décadas no panorama musical português, Eurico Carrapatoso (1962) assume a tonalidade, a música tradicional, a citação e o humor como instrumentos ao serviço da sua personalidade criativa, recursos estilísticos pouco usuais na era pós-moderna, longe dos pressupostos estéticos da contemporaneidade mas profundamente enquadrados numa estética pessoal refinada e numa intertextualidade luxuriante.

Composta em 2009, encomenda da Temporada Darcos, O Espelho da Alma, op.56, tem como subtítulo Subsídios para o estudo de uma orografia musical portuguesa.
Para violino, viola, violoncelo e piano, é constituída por sete andamentos, baseados em melodias tradicionais portuguesas, definindo um périplo, segundo o compositor, em torno “de várias personagens psicológicas”, Eterno, Pírrico, Sedoso, Careto, Saudoso, Pícaro e Materno, “com que encerra e que consiste num embalo transmontano”. Diz-nos ainda que esta obra percorre “um património da Humanidade que faz parte do dia-a-dia, no qual estas cantigas tradicionais concebem o que é o paradigma rural português genuíno e antigo”. Espelho da Alma é o ponto de partida para as obras a concurso nesta 2a edição.

VICENS PRATS & ENSEMBLE DARCOS > 27 & 28 ABRIL

  • 27 abril / sábado / 19h00 – ANFITEATRO CHIMICO, MUSEU NACIONAL DE HISTÓRIA NATURAL E DA CIÊNCIA, LISBOA – Entrada gratuita
  • 28 abril /domingo / 17h00 – ADEGA COOPERATIVA SÃO MAMEDE DA VENTOSA TORRES VEDRAS – Entrada gratuita

Vicens Prats / flauta

ENSEMBLE DARCOS

W. A. Mozart (1756 – 1791)

Quarteto com flauta em Dó Maior, K. 285b

I. Allegro
II. Andantino: tema e variazioni

Quarteto com flauta em Ré Maior, K. 285

I. Allegro II. Allegro III. Rondo

T. Derriça (n. 1986)

Três andamentos de “Seven ages of man” (para quarteto de cordas)

III. Love

IV. War

VII. Death

G. P. Telemann (1681 – 1767)

Duplo concerto para Flauta, cordas e continuo TWV: E1

I. Largo

II. Allegro

III. Largo

IV. Presto

Em Dezembro de 1777, Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) procurava obter um cargo na musicalíssima Corte de Mannheim. Aí foi apresentado a Ferdinand Dejan (1731-1797), médico e flautista amador, que lhe encomendou “3 pequenos, curtos e fáceis concertos e alguns quartetos com flauta”, pela consi- derável quantia de 200 gulden. Contudo, Mozart não completou a encomenda, não sendo claro o motivo para tal. Escrito em meados de 1778, o quarteto K.285b foi o último dos 3 quartetos compostos. Com apenas dois andamentos, a um gracioso Allegro, segue-se um lírico Andantino com seis variações.

Encomenda do Quarteto Camões, a quem é dedicado, para ser estreado no Festival Dias da Música, em 2019, no Centro Cultural de Belém, o quarteto Seven ages of man de Tiago Derriça (1986) está divido em sete andamentos, as sete fases da vida do Homem, da infância ao seu declínio e morte, partin- do de sonetos e excertos de peças de William Shakespeare (1564-1616). Serão interpretados o 3o andamento, Love [Amor], segundo o soneto 116 (1609), e o 7o e último andamento, Death [Morte], segundo a cena 1a do 4o acto da peça A Tempestade (1611).

Ao invés de maioria dos compositores barrocos, cujos concertos têm como base estrutural as aberturas de ópera italiana, na fórmula rápido-lento-rápido, Georg Philipp Telemann (1681-1767) preferia o modelo da sonata da chiesa, lento-rápido-lento-rápido, segundo o estilo de Arcangelo Corelli (1653-

1713). O duplo concerto para Flautas TWV52:E1 (flauta de bisel e flauta transversal) obedece a essa estrutura. Elegantemente contrastante, o diálogo incandescente entre as flautas, pleno de dissonâncias, vai-se desenrolando sob um panejamento orquestral discreto, de forma plangente no 1o andamento, virtuosa no 2o andamento. Ao lirismo extático do 3o andamento sucede-se um rodopiante e conclusivo rondo alla turca, pleno de exotismo.

“PRELÚDIO E TRANSFIGURAÇÃO DE TRISTÃO E ISOLDA” COM PILSEN PHILHARMONIC ORQUESTRA > 21 & 22 MARÇO



  • 21 de Março, quinta-feira, 21:30 – Teatro-Cine de Torres Vedras

Bilhetes à venda Aqui

  • 22 de Março, sexta-feira, 21:00 – Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa

Entrada gratuita

Programa:

N. Côrte-Real (n. 1971)

Três poemas de Mário de Sá Carneiro, op.69

I. A Inegualável

II. A Sala do Castelo

III. Fim

R. Wagner (1813 – 1883)

Prelúdio e Transfiguração (da ópera Tristão e Isolda)

I. Prelúdio

II. Transfiguração de Isoldapausa

R. Schumann (1810 – 1856)

Sinfonia Nº 4, em Ré menor, op. 120 

I. Andante con moto – Allegro di molto

II. Romanza: Andante

III. Scherzo: Presto

IV. Largo – Finale: Allegro vivace 

Dora Rodrigues, soprano

Nuno Côrte-Real, direção musical

PILSEN PHILHARMONIC ORCHESTRA

SINOPSE Mário de Sá-Carneiro (1890-1916) representa a transição entre o simbolismo e a vanguarda, modernizando a lírica portuguesa. Em escassos anos, entre 1912 e 1916, explorou novos modelos e estéticas, navegando sempre ao sabor de um dualismo que o atormentava. A sua capacidade imagética e linguagem metafórica fora do comum, a sublimação dos instintos depressivos em pungente catarse, causou estranheza valendo-lhe ser considerado louco pela crítica de então. Três poemas de Mário de Sá-Carneiro, op.69, (2022) de Nuno Côrte-Real (1971) foram compostos em 2022, a propósito da Temporada Cruzada Portugal-França 2022.
Composta entre 1857 e 1859, após a leitura de O Mundo como Vontade e Representação (1819) de Arthur Schopenhauer (1788-1860), em que a Arte é apresentada como alívio ao sofrimento natural do Homem, a ópera Tristão e Isolda de Richard Wagner (1813-1883) é considerada como o prenúncio da modernidade musical do século XX. Descrito por Ernst Bloch (1885-1977) como exprimindo “o que ainda está mudo no ser humano”, o Prelúdio inicial parte de um motivo pergunta-resposta, num crescendo arrebatador. O amor proibido, a paixão irrefreável, a impossibilidade de concretizar a felicidade, transfiguram-se em encadeamentos cromáticos, levando o sistema tonal ao limite num aparente esgotamento dos recursos harmónicos. Na cena final da ópera, a Transfiguração de Isolda, a Liebestod [Morte por Amor], a tensão própria da paixão trágica atinge o êxtase musical, numa expectativa da resolução das dissonâncias constantemente adiada por um crescendo metafísico.

Obra maior do repertório sinfónico romântico europeu, a Sinfonia n.º 4, em Ré menor, op.120, de Robert Schumann (1810-1856), estreou em 1841, com o título Fantasia Sinfónica. Seria profusamente revista em 1851, refletindo um período emocional particularmente intenso da vida do compositor, vindo a ser estreada em 1853. Ao contrário do cânone, cada um dos quatro andamentos sucedem-se sem interrupção, uma narrativa musical povoada de humores contrastantes, motivos melódico-harmónicos que vão circulando por toda a sinfonia. Convocando múltiplas texturas, Schumann idealiza uma orquestração múltipla de matizes, numa jornada emocional tremenda, em que o rigor apolíneo e o êxtase dionisíaco se unem vorazmente até ao clímax final. 

PIANO PREPARADO – 24 FEV

Com apresentação de Nuno Côrte-Real

ESPAÇO DARCOS – DIA ABERTO

24 Fevereiro, sábado, 15:00, 18:00 e 21:30

Espaço Darcos, Torres Vedras

Entrada gratuita mediante inscrições para o email brunamoreira.darcos@gmail.com

J. Cage (1912 – 1992)

Sonatas e interlúdios para piano preparado Nº 1, 2, 3, 4 e 5 

Helder Marques, piano 

Poder-se-á definir piano preparado como um piano em que as cordas foram alteradas por meio de cavilhas, parafusos, abafadores, borrachas, pedras, e outros objectos, alterando o timbre e as respostas dinâmicas do instrumento. Natural da Califórnia, E.U.A., Henry Cowell (1897-1965) foi pioneiro desta técnica, amplamente adotada pelas principais linguagens musicais de vanguarda da 2ª metade do século XX. 

Disto é exemplo John Cage (1912-1992), conhecido por advogar uma construção aleatória dos sons e pela rejeição absoluta dos princípios convencionais da teoria musical. As suas Sonatas e Interlúdios para piano preparado nasceram de uma circunstância particular na vida do compositor. Em 1946, de visita a Nova Iorque, Gita Sarabhai (1922-2011), uma das primeiras mulheres a destacarem-se no panorama musical hindustânico acordou com Cage o seguinte: ele ensinar-lhe-ia teoria musical do Ocidente, ela retribuiria com a teoria musical indiana. O contacto entre os dois permitiu a Cage descobrir os ensinamentos de Ramakrishna (1836-1886), místico hindu, que o viria a marcar profundamente. 

Compostos entre 1946-1948, Sonatas e Interlúdios é um ciclo de dezasseis sonatas e quatro interlúdios, dispostos de forma simétrica: 1) Sonatas I-IV / Interlúdio 1 / Sonatas V-VIII; 2) Interlúdios 2-3; 3) Sonatas XI-XII / Interlúdio 4 / Sonatas XIII-XVI. Inspiradas na teoria das Ragas indianas, e das suas emoções permanentes [quatro emoções ligeiras (erótica, heroica, maravilhosa e cómica); quatro escuras (ódio, fúria, terrível, patético)], cada sonata apresenta um nível de complexidade tremendo, partindo de uma sequência de números e frações, assim definindo a sua estrutura sequencial de sons e acordes. 

No concerto de hoje ouviremos as sonatas I-V, na interpretação de Hélder Marques, pianista do Ensemble Darcos, Mestre em Artes Musicais pela Universidade Nova de Lisboa, tendo estudado piano com Roberto Szidon na Escola Superior Robert Schumann, em Düsseldorf, Alemanha.

SÉRGIO CAROLINO & ENSEMBLE DARCOS > 17, 18 NOV

17 NOVEMBRO / sexta-feira / 21h30 AUDITÓRIO DO CAC, Torres Vedras

18 NOVEMBRO / sábado / 19h00 Música na Universidade ANFITEATRO CHIMICO
Museu Nacional de História Natural e da Ciência, Lisboa

Sérgio Carolino, tuba

ENSEMBLE DARCOS

T. Marques (n. 1963)

This is not a Tuba
grande concerto para tuba solo – estreia absoluta –

D. Schvetz (n. 1978)

  • I. Moderato Tangabile
  • II. Breve Monólogo
    III. Pirilampo assim

Anne Victorino D’Almeida (n. 1978) – Quinteto para Tuba e Cordas
– estreia absoluta – encomenda Ensemble Darcos

E. Elgar (1857 – 1934)
Quarteto de cordas em Mi menor, op. 83
I. Allegro moderato
II. Piacevole (poco Andante)
III. Allegro molto

Patenteada em 1835 por Wilhelm Wieprecht (1802-1872) e Johann Moritz (1777-1840), a tuba é um instrumento extremamente versátil e o seu âmbito de timbres e de dinâmicas absolutamente notável. Só muito recentemente tem vindo a chamar atenção paras as suas potencialidades, sendo alvo de atenção redobrada por parte dos compositores contemporâneos que vêm na tuba, justa- mente, um dos instrumentos mais elo- quentes do universo musical. Não será despiciendo afirmar que Sérgio Carolino tem sido um dos seus maiores paladinos. Reconhecido internacionalmente como virtuoso da tuba, não só desenvolveu um domínio técnico absoluto, como encetou uma carreira assente no princípio da versatilidade e cruzamento de estilos. This is not a Tuba é o sugestivo nome do concerto para tuba solo de Telmo Marques (n. 1963), em estreia absoluta. Natural do Porto e doutorado em Computer Music pela Universidade Católica Portuguesa, Telmo Marques há muito que desenvolve uma estreita parceria com Sérgio Carolino, dando origem a uma série de obras em que a tuba assume um papel preponderante. Radicado em Portugal desde 1990, Daniel Schvetz (n. 1955) tem-se notabilizado por uma acção pedagógica notável e por um corpus musical diversificado e apelativo. As 3 peças, adaptadas para tuba e quarteto de cordas, inspiram-se no tango da sua Argentina natal. Também em estreia absoluta, encomenda do Ensemble Darcos, o Quinteto de Anne Victorino D’Almeida (n. 1978) foi escrito em estreita colaboração com o solista. Reconhecida além-fronteiras pelo seu estilo eclético, é uma das compositoras portuguesas mais prolíferas da sua geração. Num registo diferente, o Quarteto op.83 faz parte de um conjunto de obras compostas em simultâneo, entre 1917- -1919, por Sir Edward Elgar (1857-1934). Concluído após o Armistício da I Guerra Mundial, pressente-se em cada um dos seus 3 andamentos uma ânsia atribulada, um desalento esperançoso, travestidos de um lirismo ultra-romântico de pendor idílico que caracteriza boa parte do discurso musical do compositor.

MASTERCLASS DE TUBA COM SÉRGIO CAROLINO > 13 & 14 NOVEMBRO

LOCAL: ESCOLA SUPERIOR DE MÚSICA EM LISBOA

Mais informações e inscrições para brunamoreira.darcos@gmail.com

Patenteada em 1835 por Wilhelm Wieprecht (1802-1872) e Johann Moritz (1777-1840), a tuba é um instrumento extremamente versátil e o seu âmbito de timbres e de dinâmicas absolutamente notável. Só muito recentemente tem vindo a chamar atenção paras as suas potencialidades, sendo alvo de atenção redobrada por parte dos compositores contemporâneos que vêm na tuba, justa- mente, um dos instrumentos mais elo- quentes do universo musical. Não será despiciendo afirmar que Sérgio Carolino tem sido um dos seus maiores paladinos. Reconhecido internacionalmente como virtuoso da tuba, não só desenvolveu um domínio técnico absoluto, como encetou uma carreira assente no princípio da versatilidade e cruzamento de estilos. This is not a Tuba é o sugestivo nome do concerto para tuba solo de Telmo Marques (n. 1963), em estreia absoluta. Natural do Porto e doutorado em Computer Music pela Universidade Católica Portuguesa, Telmo Marques há muito que desenvolve uma estreita parceria com Sérgio Carolino, dando origem a uma série de obras em que a tuba assume um papel preponderante. Radicado em Portugal desde 1990, Daniel Schvetz (n. 1955) tem-se notabilizado por uma acção pedagógica notável e por um corpus musical diversificado e apelativo. As 3 peças, adaptadas para tuba e quarteto de cordas, inspiram-se no tango da sua Argentina natal. Também em estreia absoluta, encomenda do Ensemble Darcos, o Quinteto de Anne Victorino D’Almeida (n. 1978) foi escrito em estreita colaboração com o solista. Reconhecida além-fronteiras pelo seu estilo eclético, é uma das compositoras portuguesas mais prolíferas da sua geração. Num registo diferente, o Quarteto op.83 faz parte de um conjunto de obras compostas em simultâneo, entre 1917- -1919, por Sir Edward Elgar (1857-1934). Concluído após o Armistício da I Guerra Mundial, pressente-se em cada um dos seus 3 andamentos uma ânsia atribulada, um desalento esperançoso, travestidos de um lirismo ultra-romântico de pendor idílico que caracteriza boa parte do discurso musical do compositor.

Lançamento do disco ‘Rock Symphonies’

O novo álbum do compositor Nuno Côrte-Real, em colaboração com a Orquestra Sinfónica de Milão, ‘Rock Symphonies’ foi publicado no dia 13 de outubro, anunciado pela discográfica alemã Solo Music.

‘Rock Symphonies’ é uma coleção de cinco obras sinfónicas, ‘Rock (tribute to Ligeti)’, ‘Concerto Vedras’, ‘Sinfonia Noa Noa’, ‘Todo o Teatro é um muro branco de música’ e ‘Abertura Secondo Novecento’, compostas entre 2001 e 2018.

“O termo ‘sinfonias’ não é aqui utilizado para designar uma forma musical, mas sim no seu sentido original grego de sons que soam simultaneamente e na referência a timbres orquestrais”, esclarece a discográfica acrescentando que “o termo ‘rock’, título da primeira obra apresentada, inclui o cosmos popular do ‘rock and roll’, em que o sentimento enérgico e não o estilo são indomados pelo ouvinte”.

Sobre a peça ‘Rock – Tributo a Ligeti’, foi composta no início da carreira de Côrte-Real, em 2003, “numa altura em que [procurava] libertar-se do estilo académico e da estética ‘obrigatória’ imposta pelas instituições musicais”. “Nesta, como noutras peças do mesmo período, o compositor procura uma linguagem própria, recuperando alguns elementos da sintaxe musical antigos, utilizando recursos musicais proibidos pela erudição vanguardista”. Nesta peça, em concreto, “a ênfase é colocada no elemento rítmico e na utilização da repetição como elemento estrutural”.

“A peça consiste num longo ostinato rítmico sobre uma harmonia estática que privilegia os intervalos consonantes. Apesar do título, esta não é uma peça ao estilo de Ligeti, mas uma celebração festiva deste compositor [húngaro] que foi, na segunda metade do século XX, um notável exemplo de independência do sistema. Por outro lado, a escrita despretensiosa, mínima e pesada, e os ritmos primários e sincopados parecem remeter para o universo da música rock”, prossegue a Solo Music.

O ‘Concerto Vedras’ foi composto em 2001, e é apontado pela discográfica como “uma composição seminal na carreira de Côrte-Real”, que coincide com o fim da estadia do compositor nos Países Baixos, após seis longos anos de estudo.

Esta obra traduz, também, “uma libertação da estética académica e do estilo impessoal ‘imposto’ pelas instituições musicais procurando reafirmar o seu próprio estilo. Uma obra ditada por uma forte carga afetiva e emocional, uma homenagem nostálgica à cidade de Torres Vedras, onde o compositor cresceu”. Esta peça foi estreada na St. Peter’s Episcopal Church, em Nova Iorque.

‘Sinfonia Noa Noa’ (2018) é uma homenagem sinfónica ao pintor francês Paul Gauguin, “figura inspiradora e exemplar para o compositor, um símbolo de liberdade”.

A sinfonia “procura traduzir em música o exuberante universo cromático, o exotismo e o perfume taitiano (o ‘noa noa’) que emana da pintura de Gauguin”. 

A peça ‘Todo o Teatro é um Muro Branco de Música’ é “uma abertura concertante inspirada na última secção do poema ‘Chuva oblíqua’, de Fernando Pessoa”- “O compositor atribui ao clarinete e ao piano uma função concertante pretendendo devolver à música a dimensão humana e afetiva que a arte árida e geométrica das vanguardas havia suprimido”, explica a discográfica.

Em ‘Abertura Secondo Nocento’ (2006), Nuno Côrte-Real “‘viaja’ até à segunda metade do século XX, em todo o seu pluralismo e diversidade”.

Segundo “a explicação académica, trata-se de um tempo dominado pelo absolutismo vanguardista, um tempo em que, com base num sistema de interdições, a perceção auditiva e a emoção estética são suprimidas e a música é vista como uma arte inferior”.

O compositor “rejeita esta visão redutora e propõe-se celebrar este meio século de enorme riqueza e pluralidade, em que conviveram músicas tão diversas e compositores das mais variadas linhas estilísticas”.

“Côrte-Real utiliza criptograficamente, escondidas na partitura, várias técnicas ou referências estilísticas associadas ao Secondo Novecento, como, por exemplo, técnicas seriais ou simples evocações de música cinematográfica, mas recusa todas as proibições que se opõem a uma articulação musical sensível. E o resultado final é uma explosão de êxtase”.

O compositor lisboeta, de 52 anos, foi distinguido com o Prémio de Melhor Obra Clássica da Sociedade Portuguesa de Autores em 2018 e 2019 com, respetivamente, o ciclo de canções ‘Agora tudo muda’ e a ópera ‘Canção do Bandido’.

A sua discografia inclui canções tradicionais portuguesas, música para bailado, música de câmara e sinfónica.

Data de 2012 o seu primeiro álbum monográfico, “Volúpia” (Numérica).

Nuno Côrte-Real, na ópera e no teatro, trabalhou com, entre outros, Michael Hampe, Paulo Matos e Margarida Bettencourt.

Em 2007, apresentou as óperas de câmara ‘A Montanha’ e ‘O Rapaz de Bronze’.

Em 2011, apresentou no Teatro Nacional de São Carlos a ópera ‘Banksters’, com libreto do poeta Vasco Graça Moura e encenação de João Botelho, sob a direção do maestro Cesário Costa.

Como maestro, Nuno Côrte-Real já dirigiu a Orquestra Metropolitana de Lisboa, a Orquestra do Norte, a do Algarve, a Filarmonia das Beiras, a Orchestrutopica, a Orquestra Sinfónica I Maestri, a Sinfónica de Londres, o Ensemble Darcos, do qual é fundador e diretor artístico, e a Camerata du Rhône, de Lyon, em França.

A Orchestra Sinfonica di Milano foi fundada em 1993 pelo maestro russo Vladimir Delman, sendo a sua sede o Auditorium di Milano Fondazione Cariplo, inaugurado em 1999, em Milão.

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NAS ASAS DO INDEFINIDO > 8 & 9 DEZEMBRO

Jazz, canções originais, fado e clássicos ocidentais

8 DEZEMBRO / sexta-feira / 21h30 – TEATRO-CINE DE TORRES VEDRAS

9 DEZEMBRO / sábado / 21h30 – CINE-TEATRO DE ALCOBAÇA

Maria Mendes, voz

Nuno Côrte-Real, direção musical e sintetizador

ENSEMBLE DARCOS

No aclamado filme de Wim Wenders, As Asas do Desejo, um anjo abdica da sua imortalidade perante uma paixão que o consome. Neste conflito entre o divino e o efémero, a eternidade e a vida, a acção desenrola-se numa cidade de Berlim, ainda dividida por um muro, mergulhada numa atmosfera elegíaca. Parafraseando este filme, o concerto Nas Asas do Indefinido apresenta um benévolo conflito entre jazz, fado, canções originais e clássicos da cultura ocidental, uma fábula musical envolvente onde a multiplicidade de caminhos conduz o ouvinte não à chegada mas à partida, num depurar da essência do que é a música. Há muito radicada em Roterdão, Maria Mendes é uma das vozes mais aclamadas do jazz europeu, destacando-se por fazer da língua portuguesa o seu principal veículo de expressão musical. Sendo a única artista portuguesa no feminino a receber uma indicação ao Grammy Americano, em 2020 venceu o prestigiado EDISON Jazz Awards, bem como uma indicação ao Grammy Latino. A sua recente incursão pelo fado, demonstra qualidades caleidoscópicas, secundadas por Côrte-Real e o Ensemble Darcos, numa expectável cumplicidade entre dois músicos que têm marcado o seu percurso musical por um olhar inquiridor e descomplexado, explosivo na forma como cruzam estilos e universos sonoros. Nas Asas do Indefinido tem como motivo unificador o tema do 1o andamento do trio op.97 de Beethoven (1770-1827), uma idée fixe que, ao contrário da canónica definição, estabelece pontes etéreas por onde todos somos convidados a circular. Se a obra de Wenders pauta-se por um estático preto-e-branco, quase a raiar a distopia, são os matizes cromáticos de cada uma das peças convocadas neste concerto que se sobrepõem, qual composição feérica e utópica. Como escreveu Fernando Pessoa “O sonho é ver formas invisíveis / da distância imprecisa, e, com sensíveis / movimentos da esperança e da vontade (…)”.

EUROPA SINFÓNICA ORQUESTRA DA TOSCANA > 7, 12 3 13 OUT

7 OUTUBRO / sábado / 21h00 – SALA FESTA MANIFATTURA TABACCHI Florença, Itália

12 OUTUBRO / quinta-feira / 21h30 – TEATRO-CINE TORRES VEDRAS

13 OUTUBRO / sexta-feira / 21h00 – AULA MAGNA DA REITORIA DA UNIVERSIDADE DE LISBOA

Eduarda Melo, soprano

Nuno Côrte-Real, direção musical

ORQUESTRA DA TOSCANA

Programa:

N. Côrte-Real (n. 1971)

Songs of Love and Nature

H. Berlioz (1803 – 1869)

Les nuits d’été, op. 7
I. Villanelle
II. Le Spectre de la Rose
III. Sur les lagunes: lamento IV. Absense

V. Au cimetière: Claire de lune VI. L’île inconnue

L. van Beethoven (1770 – 1827)

Sinfonia no 8 em Fa Maior, op. 93

I. Allegro vivace e con brio
II. Allegretto scherzando

III. Tempo di minuetto

IV. Allegro vivace

O programa deste concerto tem um irresistível toque a uma suave brisa de verão. E que melhores intérpretes para esse deleite contido do que a Orquestra da Toscana, fundada em Florença em 1980, e o soprano Eduarda Melo com a sua voz expressiva e quente? De Nuno Côrte-Real (n. 1971) ouviremos Songs of Love and Nature, op.42C, um arranjo para orquestra de cordas de 3 canções originais do Livro de Florbela, op.42, I. Exaltação, III. Os versos que te fiz e V. Num postal. Segue-se Les nuits d’été, op.7 de Hector Berlioz (1803-1869), ciclo de 6 canções, composto entre 1840-1841, fazendo uso de poemas do livro La Comédie de la mort (1838) do amigo e vizinho Théophile Gautier (1811-1872). Originalmente escritas para voz e piano, a primeira canção viria a ser orquestrada em 1843 e as restantes cinco em 1856. O título do ciclo, de autoria do compositor, não remete para nenhum poema específico antes parece ser uma homenagem a Shakespeare, e à sua peça Sonho de uma noite de Verão. Verdadeiro ciclo emocional (ainda que não obedeça a nenhuma narrativa), amor, inocência, abandono, desejo, remorsos e paixão conduzem o ouvinte ao longo de um poderoso arco lírico, embalado por afetuosas harmonias, que descreve magistralmente o pulsar dos poemas. Por último, a Sinfonia n.o 8, op.93, de Ludwig van Beethoven (1770-1827). Escrita entre abril e outubro de 1812, trata-se de uma obra a todos os níveis impar. Aparentemente conservadora e bem-humorada, com um ligeiro toque italiano, dada aos sucessivos contornos melódicos que apresenta, trata-se, na realidade, de uma sinfonia estruturalmente radical, onde a invenção harmónica, rítmica e tímbrica, se sobrepõe a qualquer lampejo de intensidade expressiva. Ao longo dos seus concisos 4 andamentos, ostina tos rítmicos, acordes curtos, silêncios inesperados, explosões dinâmicas seguidas de forte contenção, sinuosas linhas orquestrais que parecem querer rasgar o contraponto, diálogos suspensos, repetições incongruentes, fazem da Sinfonia n.o8 de Beethoven uma explosão de criatividade sem precedentes