PRÉMIO INTERNACIONAL DE COMPOSIÇÃO DARCOS 2024 > 24 MAIO

24 maio / sexta-feira / 21h30

ÁTRIO DA CÂMARA MUNICIPAL DE TORRES VEDRAS
entrada gratuita

O. Messiaen (1908 – 1992)

Dois andamentos da obra “Quarteto para o fim dos tempos”
I. Louange à l’Éternité de Jésus
II. Louange à l’Immortalité de Jésus

2 Obras finalistas a concurso

E. Carrapatoso (n.1962)

Espelho da Alma (subsídios para o estudo de uma orografia musical portuguesa)

I. Eterno
II. Pírrico
III. Sedoso IV. Careto V. Saudoso VI. Pícaro VII. Materno

ENSEMBLE DARCOS

O concerto da 2a edição do Prémio Internacional de Composição Darcos convoca dois compositores díspares na forma e conteúdo, mas em que a erudição, a Fé, e o panejamento onírico são pilares da sua discursividade musical.

Considerado um dos compositores mais fascinantes do século XX, Olivier Messiaen (1908-1992) estava estacionado na base militar de Verdun quando, em meados de Junho de 1940, em plena invasão de França pelas tropas nazis, foi capturado e enviado para um campo de concentração de prisioneiros de guerra, o Stalag VIII-A, em Görlitz, Alemanha. Com ele seguiram Etienne Pasquier (violoncelista) e Henri Akoka (clarinetista), ao que se veio juntar o ator e violinista amador Jean Le Btoulaire.
A 15 de Janeiro de 1941, no Barracão 27 de Stalag VIII-A, estreava um quarteto para violino, violoncelo, clarinete e piano.

Nas palavras de Messiaen, “para o fim dos tempos”, um ato de fé, evocativo do fim dos conceitos de Passado e Futuro, o “início da eternidade”, o quarteto está divido em oito partes, as primeiras sete correspondem aos sete dias da criação e o último à “luz indefectível, da inalterável paz”. Em concerto, ouviremos apenas as partes V e VIII.

Figura incontornável das últimas décadas no panorama musical português, Eurico Carrapatoso (1962) assume a tonalidade, a música tradicional, a citação e o humor como instrumentos ao serviço da sua personalidade criativa, recursos estilísticos pouco usuais na era pós-moderna, longe dos pressupostos estéticos da contemporaneidade mas profundamente enquadrados numa estética pessoal refinada e numa intertextualidade luxuriante.

Composta em 2009, encomenda da Temporada Darcos, O Espelho da Alma, op.56, tem como subtítulo Subsídios para o estudo de uma orografia musical portuguesa.
Para violino, viola, violoncelo e piano, é constituída por sete andamentos, baseados em melodias tradicionais portuguesas, definindo um périplo, segundo o compositor, em torno “de várias personagens psicológicas”, Eterno, Pírrico, Sedoso, Careto, Saudoso, Pícaro e Materno, “com que encerra e que consiste num embalo transmontano”. Diz-nos ainda que esta obra percorre “um património da Humanidade que faz parte do dia-a-dia, no qual estas cantigas tradicionais concebem o que é o paradigma rural português genuíno e antigo”. Espelho da Alma é o ponto de partida para as obras a concurso nesta 2a edição.